quinta-feira, maio 20, 2010

Lusíadas

Este é o nosso triste fado,
Do vamos andando e do pobre coitado
Velha canção em que a culpa é do estado
Por ser o espelho do reinado
E a história, por mais do que uma vez
Foi mais cruel que a de Pedro e Inês
Levou-nos o que tanta falta nos fez,
Sem deixar razões ou porquês

Temos fuga ao fisco, estradas de alto risco
Temos valiosos costumes e tradições
Que eu não percebo, se nos maldizemos, quais as razões?
Temos chico-espertos, burlas e protestos
Temos tantos motivos p'ra sorrir
Que eu nem imagino qual será a desculpa que vem a seguir...

Gosto tanto deste país, só não entendo o que o faz feliz
Se é rir da miséria de outros, quando a vemos
Ou chorar da nossa própria, quando a temos
Gosto tanto deste país, só não entendo quando ele se diz
Senhor de um futuro maturo, duro mas seguro
Eu juro que ainda não o vi

Os queixumes, sei-os de cor
Endereçados, a Nosso Senhor
Intercalados, com suspiro ou dor
De um bom sofredor.
Dentro de momentos, seguem-se os lamentos
Não há dinheiro p'rós medicamentos
Não há dinheiro p'ra tanto sustento
Tão longe vão outros tempos

(Anaquim)



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